A BilheteiraOnline entrevista Henrique Feist
07 - dez - 12
O espectáculo Broadway Baby! pode ser visto durante todos os Sábados e Domingos de Dezembro, no Teatro-Estúdio Mário Viegas, ao Chiado, em Lisboa. A BilheteiraOnline resolveu entrevistar Henrique Feist para saber um pouco mais sobre o tema.
HENRIQUE FEIST - BROADWAY BABY
Que surpresas traz ao público o espectáculo “Broadway Baby”?
HF - Creio que a maior surpresa de todas é o encontro de dois irmãos para celebrar trinta anos de carreira. Já há oito anos que nós não nos juntávamos para um projecto a dois e achámos que o espectáculo "Broadway Baby" era o espectáculo mais acertado para nos voltarmos a juntar.
A outra surpresa surge de forma didáctica. É um espectáculo onde o público pode aprender um bocadinho sobre a história do Teatro Musical Americano, onde pode reouvir algumas canções que se tornaram clássicos do musical Americano - e às vezes até canções que nem sonhavam que nasceram no Teatro Musical Americano.
Este é um espectáculo ousado e arriscado, em que vai estar a solo em tantas interpretações. Isto assusta-o?
HF - Não me assusta de todo. Desafia-me, que é diferente. Não gosto de fazer espectáculos que joguem pelo seguro. Tem de sempre haver uma pontinha de risco. O teatro é isso. Quis puxar-me ao máximo neste espectáculo passando por vários personagens, por várias emoções. Manter aquela hora e meia de espectáculo viva. Bem como desafiar o meu irmão a acompanhar esses picos de emoção. Mas isso á que dá gozo fazer...num minuto estarmos a sorrir, noutro estarmos apaixonados, noutro estarmos tristes, noutro estarmos confiantes, noutro estarmos na dúvida - uma montanha russa autêntica. Uma maratona!!!
Ao piano tem o seu irmão Nuno. Como é gerir esta relação tão próxima onde a família se mistura com o trabalho?
HF - Sempre nos habituámos a trabalhar juntos. Começámos juntos em 1982. Aliás não somos a primeira "família teatral" do mundo. Existem imensas. Nem havemos de ser a última. O que é importante saber gerir é o amor e honestidade que temos um para com o outro em família tem de continuar no palco em trabalho. Os nosso feitios não mudam nem devem mudar. Senão somos dois tipos de irmãos - os irmãos família e os irmãos de trabalho - e essa dualidade não existe porque não é saudável para um bom ambiente de trabalho. O que pode haver é treitos do nosso feitio que em família não se evidenciam tanto mas que em trabalho evidenciam-se, mas isso é porque estamos a construir um espectáculo que pretende agradar o público e isso por si traz vários conceitos e opiniões que temos de respeitar e concordar ou não.
Grande parte da sua carreira tem sido dedicada a este género artístico, com um rol de êxitos no currículo. Qual o segredo para se fazer musicais de sucesso?
HF - O segredo é entretenimento puro e duro. Não se pode é confundir entretenimento com comicidade. O entretenimento pode ter vários formas - pode fazer rir, pode fazer chorar, pode fazer questionar, etc - desde que despolete emoções em nós é porque algo está a resultar. Depois temos de ter uma grande capacidade critica sobre o nosso trabalho - pensar bem no que resulta e no que não resulta - e não nos importarmos de por de parte o que não resulta apenas temporáriamente. O processo de educar o público é lento e moroso por isso não podemos desisitir. Temos de insistir para que um dia aquilo que ainda não resultava, já resulta porque houve todo um processo que encaminhou o público para isso.
O outro elemento é a qualidade - se as coisas tiverem qualidade, as pessoas vão ver.
Com este espectáculo celebra 30 anos de carreira. Que balanço faz deste percurso?
HF - Não gosto de fazer balanços de carreira. Gosto de pensar onde estamos agora e para onde ainda podemos ir. Gosto de olhar para o passado apenas para perceber onde errei e onde acertei. Gosto de viver o presente sabendo que ainda vou errar e ainda vou acertar. E gosto de pensar no futuro como uma aprendizagem ainda por ter.