Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Mais de meia década passada desde a edição de 'Devour' e sete anos desde que arrasou no palco do Aquário, Margaret Chardiet regressa a esta casa em apresentação de 'Maggot Mass'. Quinto álbum da artista norte-americana, como sempre na influente Sacred Bones, 'Maggot Mass' reinvindica o lugar central e a esfera de influência de Pharmakon no seio das músicas nascidas da catarse violenta e violentada ao abrigo daquilo que é, e ainda pode ser o noise e power electronics naquilo que estes têm de mais vital e urgente, assente numa ética muito punk. Ode intensa ao declínio do Antropoceno, 'Maggot Mass' carrega no seu título um prenúncio de extinção que, à velocidade dos dias de hoje, é cada vez mais palpável e tem aqui a devida réplica sonora. Autêntica tormenta de batidas pesarosas, texturas industriais e chicotadas de ruído, continua a drenar as feridas abertas com discos tão marcantes como 'Devour' ou 'Bestial Burden' através de um fluxo repetitivo e marcial que é quase, ou mesmo, hipnótico na sua obstinação e entrega. Barragem de som para uma lírica cáustica e acutilante, que desdenha do regime de acumulação autofágico da Humanidade em busca de estados primordiais: "once I slough off this human skin I will find my home and ancestral kin…in the coffin-birth of my cadaver’s ecosystem" por via de gritos dilacerados e raivosos, transmutados pelo processamento electrónico e distorção, como que a deixar para trás os resquícios humanos. No fundo, a continuação sempre premente de um ofício com mais de uma década que ressoa, como poucos, a degradação do(s) tempo(s).
Preços